Contei no post das nossas compras do mês que recentemente comprei alguns livros, dentre eles esse fininho do Juan Pablo Villalobos, chamado Festa no Covil. Vou começar admitindo uma coisa: comprei ele porque gostei da capa. Gostei tanto que já comprei logo os dois livros dele que tinham na loja, sem nem imaginar que se tratava de uma trilogia. Dei sorte, os livros são ótimos e agora eu estou ansiosa pelo terceiro.
Festa no Covil é um livro fininho, mal tem cem páginas. O papel é o polén bold, aquele um pouco mais grosso - e é o meu preferido, acho a sensação tátil dele muito agradável. Escrito por um mexicano que hoje mora no Brasil (em Campinas!!! Pirei quando descobri isso! haha), esse é o seu livro de estréia, publicado pela Companhia das Letras. Seus livros já foram traduzidos para mais de dez línguas e são vendidos em mais de quinze países.
A trilogia da qual Festa no Covil faz parte, seguido por Se vivêssemos em um lugar normal, possuem como pano de fundo o México da década de 1980, quando teve lugar uma mudança profunda na estrutura social do país. Ao menos nesses dois livros os núcleos das personagens não se cruzam, e é possível lê-los na ordem que se preferir.
Com um olhar crítico, porém sem perder a leveza da literatura, Juan Pablo Villalobos trata de um tema que é bastante delicado em seu país de origem. Com um histórico de políticos corruptos e uma guerra entre o governo e o crime organizado que já matou mais de 60 mil pessoas desde 2006, sua trilogia chama atenção de forma ora cômica ora sombria para a realidade mexicana.
Festa no Covil é delicioso de se ler. Narrado em primeira pessoa, nosso protagonista é uma criança. Tudo o que conhecemos e sabemos sobre o enredo é através dos olhos desse menino, que descreve as coisas como vê, repete para nós frases que não entende e nos relata seus desejos. Essa seria uma história normal se esse não fosse o relato de um herdeiro de um dos chefes do narcotráfico mexicano.
Por conta desse contexto raro, narrado por um personagem que ainda não tem idade para compreender com propriedade as situações aos seu redor, a história é bastante engraçada. E sombria, é claro. Tochtli é um menino curioso, seu mundo se resume há um pouco mais de uma dúzia de pessoas - pois como ele mesmo nos informa, não coloca em sua contagem de conhecidos os mortos, porque esses já deixaram de ser humanos para serem cadáveres.
A leitura flui bem, e é possível ler o livro inteiro em poucas horas. Essa foi com certeza uma das melhores leituras que já fiz. Achei o enredo inesperado, adorei que ele é narrado sobre o ponto de vista de uma criança. A linguagem oral está bem presente no livro, quase escutamos a voz de Tochtli.
Com certeza esse é um livro que vale a leitura.
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