4 de setembro de 2014

Eu vi: No

Em épocas de eleições e com tantas pessoas que nessas últimas férias de inverno foram ao Chile, aqui vai uma sugestão para uma tarde preguiçosa: o filme No de 2012, dirigido por Pablo Larraín e com atuação de Gael García Bernal. A história foi inspirada no manuscrito El Plebiscito de Antonio Skármeta.


Eu dei a sorte de fazer um curso de graduação muito, mas muito legal. Além de ler coisas bem legais (acreditem se quiser, já li Machado de Assis e Gabriel García Marquez para minhas matérias, haha), vez ou outra também vemos filmes muito bons. E na mesma disciplina que vi Awakenings (contei aqui), assisti esse No. Novamente, o contexto das nossas discussões talvez não fossem o ponto crucial do filme (discutíamos sobre o uso das tecnologias em sala de aula com base na teoria histórico cultural...), mas esse é um mero detalhe, hehe. 
No conta a história real do plebiscito realizado após 15 anos da ditadura de Pinochet, em 1988, na qual o povo chileno pode votar se gostaria ou não que o governo atual continuasse no poder. Havia muita coisa em jogo, dentre elas a estabilidade de uma maioria que temia uma mudança drástica em suas condições de vida caso a ditadura acabasse; ao mesmo tempo o medo que as atrocidades cometidas por Pinochet e suas tropas continuassem, assim como a tristeza de saber que 40% da população vivia abaixo da linha da pobreza. Decidir pelo "sim" ou pelo "não"era uma dúvida de boa parte da população e, as frentes responsáveis por ambas as posições teriam 15 minutos de campanha para poderem convencer àqueles ainda sem resposta.


O filme gira em torno justamente da criação dessas campanhas. O personagem do Gael García Bernal é René Saavedra, um publicitário recém-retornado do EUA, pois sua família havia sido exilada, o qual decide - mesmo sem ter de início um grande comprometimento político - ajudar na elaboração da campanha do "não". René torna-se ao fim uma das principais peças para a criação e sucesso da campanha "comunista". É muito legal ver como um publicitário tornou vendável a campanha da esquerda - e, ainda por cima, mais vendável que a campanha da direita! Acho que o pessoal que estudo comunicação social vai gostar do filme. :)
Para além disso, a própria fotografia (é assim que chama?) é muito interessante, pois ela é feita de forma a realmente lembrar a qualidade dos vídeos no final da década de 80. Ainda, além das cenas novas gravadas para o filme foram inseridos vídeos da época, com os principais personagens e as próprias campanhas originais. Dá até para se pensar no filme como algo entre o cinema e o documentário. Demais, não? Acho que para quem gosta de política, tem curiosidade sobre a história chilena, interessasse por comunicação social e/ou, como eu e minha turma, queria pensar sobre as possibilidades de letramento da era digital, o filme é uma ótima pedida.
Agora quero ver também Post Morten e Tony Manero, também com direção de Pablo Larraín. No é o último filme da trilogia sobre a ditadura Pinochet produzida pelo diretor.

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